"Alguns disseram que não existia cinto de segurança nos assentos", diz delegado após depoimentos de passageiros do ônibus da UFSM

Falta de cinto de segurança, falha nos freios e alta velocidade do ônibus foram alguns dos fatos relatados em depoimentos prestados nesta quarta-feira (9), na 1ª Delegacia de Polícia de Santa Maria, sobre o acidente com ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ao longo de sete horas, 17 pessoas, incluindo sobreviventes, o motorista e representantes da instituição de ensino, foram ouvidas. 


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Conforme o delegado responsável pelo caso, José Romaci Reis, os sobreviventes relataram que nem todos usavam cinto de segurança na viagem. Afirmaram, também, que não existia o equipamento de proteção em alguns assentos. Para os depoimentos, o delegado veio a Santa Maria com uma equipe de três policiais.

– Quase todas elas afirmaram que nem todos estavam usando cinto de segurança. Algumas disseram que não existia cinto de segurança nos assentos que estavam. Outros falaram que o ônibus ganhou velocidade em uma certa altura da estrada e que só parou quando caiu lá embaixo – disse o delegado.

Delegado José Romaci Reis, responsável pelo casoFoto: Thais Immig


Motorista omitiu saber de problemas no veículo, afirma delegado

O motorista do ônibus, Rodolfo Bopp, também foi ouvido pela equipe de investigação. Ele chegou por volta de 16h na Rua Roque Calage, onde fica a delegacia, no centro de Santa Maria, acompanhado de seus advogados. Ele usava um boné sobre ataduras devido a ferimentos na cabeça e tinha alguns hematomas no rosto.

Ao sair do local após mais de uma hora de depoimento, Bopp não falou com a imprensa. Sobre o relato do motorista, Reis afirmou que ele manteve o primeiro depoimento, coletado ainda no hospital. Mas, desta vez, omitiu a informação de que teria sido avisado por um colega sobre a má condição dos freios do veículo. O motorista mudou a versão com a justificativa de que estava com "problemas na cabeça e não sabia o que estava falando", como afirma o delegado: 

– O motorista não relatou muita coisa diferente do que já tinha dito no hospital. A única coisa é que omitiu a questão de que sabia que o veículo estava com problemas nos freios quando ele o pegou. No mais, é o mesmo que já havia falado: que ao descer a serra, o ônibus começou a ganhar velocidade, ele tentou acionar o freio estacionário, que é o freio de mão, e que teria acionado o freio motor. Mas ele colou em tese isso, que tentou segurar o carro de todas as formas até achar aquela área de escape. 

De acordo com o delegado Reis, a equipe segue a linha de investigação até então, de possível falha mecânica nos freios, mas não descarta outras hipóteses até a conclusão da perícia.


Próximos passos da investigação

Novos depoimentos devem ocorrer na próxima semana, em Santa Maria. A equipe de investigação também aguarda o laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP). A análise do ônibus começou na tarde de terça-feira (8), no pátio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), em Lajeado. Em nota enviada para a reportagem, o IGP informou que "ainda não há como estabelecer um prazo para a conclusão, pois o processo depende de uma análise detalhada e, eventualmente, de perícias complementares".

Perícia do ônibus é realizada em LajeadoFoto: IGP (Divulgação)


Confira a nota na íntegra: 

Em relação à perícia no ônibus da UFSM, informamos que, devido à complexidade do caso, é necessário um trabalho especializado, realizado por uma equipe de peritos qualificados capaz de analisar minuciosamente todos os quesitos levantados pelo delegado.

Ainda não há como estabelecer um prazo para a conclusão, pois o processo depende de uma análise detalhada e, eventualmente, de perícias complementares. Estamos empenhados em realizar um trabalho rigoroso e de qualidade, tendo em vista a gravidade do caso. A perícia terá como objetivo identificar vestígios técnicos na mecânica do veículo, que possam auxiliar na compreensão da dinâmica do ocorrido.


Relembre o acidente

Um ônibus com estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) caiu em uma ribanceira perto do trevo de acesso ao município de Imigrante, na região do Vale do Taquari, na tarde de sexta-feira (4), e deixou sete mortos e 26 feridos. A UFSM divulgou no sábado (5) a lista das vítimas fatais. Todas elas eram calouras do curso de Paisagismo do Colégio Politécnico da instituição.

No total, 33 pessoas — estudantes, professoras e o motorista — estavam em uma excursão que faria visita técnica ao Cactário Horst (espaço dedicado ao cultivo de cactos e suculentas), em Imigrante, quando o acidente aconteceu. Uma das teorias da causa do acidente seria falha nos freios. O ônibus pertencia à UFSM, mas o motorista era terceirizado.

As despedidas das vítimas fatais Dilvani HochFátima Eliane Riquel CopattiFlavia Marcuzzo DottoJanaina FinklerMarisete MaurerPaulo Victor Estefanói Antunes e Elizeth Fauth Vargas foram realizadas no sábado em Santa Maria, São Pedro do Sul, Vale Vêneto (distrito de São João do Polêsine), Estância Velha e São Martinho da Serra. Elizeth Fauth Vargas foi sepultada no domingo (6), em Passo Fundo.


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